terça-feira, 27 de outubro de 2009

Mistério por desvendar


Alguem me consegue explicar porque é que, sendo Aveiro uma cidade ventosa, ainda não se equacionou rentabilizar o vento e instalar-se uma estação eólica "como deve ser"? Que necessidade temos nós de estar a viver "à custa" de energias compradas a terceiros se temos naturalmente "matéria-prima" para dar e vender?

Podem dizer que se trata de um investmento que não é compatível com o nosso orçamento. Podem argumentar que isto é algo para esquecer porque uma instalação destas causa desarranjos na fauna local. Podem argumentar o que quiserem... mas toda e qualquer razão que nos impeça de avançar com uma ideia destas "não pega".

Julgo que uma obra devidamente protocolada com dois ou três munícipios vizinhos seria perfeitamente execuível. Estou certa que Ílhavo, Estarreja e Murtosa, não diriam que não. Os benefícios seriam por demais evidentes para toda esta região. Ah... há o problema da fauna! Exacto. É efectivamente um problema. Por causa de um rato raro que prolifera por aqui nas nossas "ilhas", ou um pássaro qualquer que nidifica ou prefere as nossas águas e marinhas para descansar enquanto migra, são razões mais que suficientes para se bloquear esta ideia.

Sines abastece a sua cidade com esta energia. O que produz, chega e sobra, isto é, Sines consegue vender parte do que produz para os seus concelhos limitrofes. Em Sines, não há ratos raros, nem aves migratórias. Só aqui é que há. Da mesma forma, as estações que encontramos no Caramulo, na Serra dos Candeeiros e em muitas outras "altitudes" nunca estorvaram ninguém. Só em Aveiro é que se estorva sempre alguém.

Será falta de visão? Compadrios de alguma espécie? Medo de arriscar? Leva-me a crer que há interesses ocultos nesta situação, até porque não é preciso ser-se muito inteligente para alguém se lembrar de uma coisa destas.

3 comentários:

Alírio Camposana disse...

Não seja tão radical.

Há que haver equilíbrio particularmente nas políticas energéticas, não sendo estas susceptíveis de análise por partes mas sim como um todo, porventura, internacional (CE)mas, nacional, certamente.

Não menospreze a importância de um simples rato ou de uma ave ao nível da Biodiversidade.

Aliás, reduzir os impactos do desenvolvimento das sociedades humanas na Biodiversidade é, porventura, um dos maiores desafios que se colocam ao próprio Homem, desenvolvimento esse que obrigatoriamente assentará em programas sustentados numa óptica de convergência de três grandes dimensões, a Social, a Económica e a Ambiental, sublinho, Ambiental.

A perca de Biodiversidade ao nível dos ecossistemas, espécies e genes representa uma preocupação global, já que 40% da economia mundial e 80% das necessidades dos povos dependem dos recursos biológicos.

(Agência Portuguesa do Ambiente
http://www.apambiente.pt)


Há serviços ecossistémicos prestados pelos recursos naturais, como é o caso da produção de alimentos, combustíveis, fibras, água potável e recursos genéticos, manutenção da qualidade do ar, regulação do clima e protecção contra a erosão, purificação da água, ciclo e armazenamento do carbono, polinização e formação do solo que estão em declínio.

Dito isto, dá para imaginar o papel que o insignificante rato pode desempenhar nas nossas vidas se pensarmos no seu papel em todo o ecossistema!

Cumprimentos.

Ponte Praça disse...

Meu caro. Questiono-me apenas se os ditos "ratos" só aparecem cá...

É que pelo que se vê lá fora, em países imensamente mais sustentados que o nosso, os "ratos" são um assunto de somenos importância quando comparados com as necessidades das populações. É bastante compreensível esse seu discurso (e perdoe-me a expressão) meramente "copy-paste". É compreensível toda e qualquer preocupação para com o ambiente. Se cahar já não o é, quando, a troco do bem estar de algo que surge na paisagem, encalhamos a nossa própria maneira de viver ou evoluir como humanos.

Há muitos exemplos e posso citar-lhe alguns: Lembra-se concerteza da polémica em torno da Ponte Vasco da Gama. Parece que aquela monstruosidade ía pôr em perigo uma comunidade qualquer de seres alados e muita tinta correu sobre isso. No entanto, para que o país pudesse ter uma mais valia (digo o país como podia dizer as populações locais e depois nacionais) avançou-se com a obra. Ao que parece, os ditos passarinhos, só se queixaram enquanto a obra foi executada, pois actualmente há colónias dos mesmos no estuário do Tejo. Pode não ser debaixo dos pilares da ponte. Mas concerteza que o seu instinto de sobrevivencia e de adaptação ao meio ambiente, falou mais alto.

Mas podemos ir mais longe. Ou mais perto, se preferir. Aqui mesmo em Aveiro, deu-se uma situação idêntica. (Várias, até!) Primeiro com a construção do IP5. Actualmente com o ramal ferroviário. A fauna readaptou-se à "novidade". Como explica, por exemplo que haja, num bairro tão afectado ambientalmente, possa haver uma comunidade de patos tão grande? Ou como explica que as Garças façam hoje, parte da "paisagem urbana", quando até há bem pouco tempo, era raríssimo encontrá-las nos canais ou nas marinhas?

Por muita razão que tenha no que me apresenta (e que inegávelmente a tem), quer-me parecer que por vezes somos mais papistas que o próprio papa e vamos "atrás" de chavões ambientais.

E não sei se reparou, eu não me referi a uma Central TermoElectrica, Nuclear ou a Carvão. Quer-me parecer que, apesar do enorme impacto ambiental que uma estação eólica tem, de certeza que é das menos poluentes que existem.

Ou estarei enganado? ;)

Ponte Praça disse...

O bairro movimentado a que me refiro, é o da Forca-Vouga.

Por lapso os dedos foram mais rápidos que o pensamento :)