domingo, 25 de outubro de 2009

Às voltas com o Estádio


Longe de mim estar a deitar achas numa fogueira que não ateei. No entanto, e porque considero que se trata de um problema municipal, ao qual não tenho como fugir enquanto contribuinte, deixo aqui alguns pensamentos que me assomaram desde que estalou a polémica.

Não quero crer que haja algum gosto ou prazer especial em se impludir uma obra daquelas. Apenas lamento o facto de não se ter perspectivado aquela construção (e os resultados da mesma) a longo prazo, de uma forma políticamente correcta. Hipotecaram-se as finanças de toda uma região em torno de dois jogos ali disputados no Euro2004 e ainda por cima com honras de casa cheia em apenas um deles. Exceptuando estes dois, apenas três com a selecção nacional e... ficamos por aqui.

Aveiro não tem (nunca teve e não se perspectivaria nunca) ocupantes para uma casa daquele tamanho. Ponto. Nem a teria, mesmo que se pretendesse alguma vez, usar o EMA como palco para jogos de equipas da região. Logo aqui, há megalomania a mais. Independentemente de se ter avançado com o projecto do Parque Desportivo de Aveiro, este nunca cresceria da noite para o dia. E nem com o tão falado centro de estágios, pista de hipismo ou campos de golfe, o estádio deixaria de ter a valência que tem hoje. Nenhum praticante destes desportos usaria o Estádio para as suas actividades. Nunca deixaria de se tratar de um mastodonte colorido no meio da paisagem. Aveiro é uma cidade com cerca de 70.000 habitantes. Destes, há uma enorme percentagem que não liga "à bola". O antigo Mário Duarte enchia quando vinham cá os três grandes ou quanto muito quando se previa que o Beira Mar subiria de divisão. E tinha quê? 15 mil lugares? Metade deste, portanto.

Logo aqui, se podia prever algum insucesso na pretensão de se construir um estádio deste calibre na cidade. Porém, se efectivamente havia "vontade política" e "estudos que sustentassem uma obra daquelas (que entretanto caíram no contraditório), mais do que pensar o espaço envolvente como área de equipamento desportivo, devia ter-se dotada a mesma com (da mesma forma que Coimbra fez) um grande espaço comercial. Nem que fosse dentro do próprio estádio. Coisa que, óbviamente o EMA não dispõe. Ou melhor, dispõe, só que não está adequado à realidade.

É lógico portanto que muita gente veja aquele espaço como um "elefante branco". Será compreensível que se pretenda impludir aquele edifício. É uma "renda" sustentar um "bicho" daqueles. E venha o Tomás Taveira, ou quem quer que seja, defender o contário que, nestes aspectos, não têm razão nenhuma. (Para o Arquitecto, foi apenas mais uma forma de sacar uns "tustos" e mais nada. Porquê? Simples: Todos os estádios por ele projectados, estão desenhados tipo "chapa-4". Que raio... tantos exemplos de concepção por este mundo fora e logo os Estádios de Alvalade, Leiria e Aveiro, parecem ter o mesmo ADN!!

Mas por outro lado, e indo ao encontro daquela velha máxima "comeu? tem de casar!" a implusão não terá muitos adeptos. Não sei até que ponto aquilo ainda pode ser rentabilizado extra-futebol. Não vai ser concerteza com os 300 adeptos que o Beira Mar dispõe por cada jogo em casa. Mas se temos um palco daquele tamanho, que tal rentabilizá-lo de outra forma? Qual o custo de uma implosão? Compensará o custo de um arranjo base, por forma a que se alterem as valências do próprio estádio para que este possa arcar com outros espectáculos extra-futebol? Temos camponatos motorizados aqui ao lado em Águeda; não haverá forma de se efectuar uma temporada ou jornadas de motocross "indoor"? Espectáculos musicais? Concursos radicais? Monster Trucks?

Poderão de facto contrapôr que se tratam de ideias líricas. Concordo. Também há lirismo na ideia que um estádio de 30.000 lugares será rentável numa cidade como Aveiro. E mais ainda com uma equipa que se não luta para subir, luta para não descer.

Tenho para mim que a ideia da implosão só será uma boa ideia... apenas DEPOIS  de se tentarem outras alternativas e em caso de insucesso. Antes disso, definitivamente, não.

Acresce adiantar que a ideia da implosão é algo que poderá fazer "esquecer" outro aspecto: é que mesmo que se imploda o EMA, está operação não é nada barata... e o estádio, mesmo assim, continuará por pagar...

Sem comentários: